Educação Criativa e Expressiva

  • Viajar

    Viajar

    Sair de um lugar

    ir indo, indo

    como se houvesse

    um destino

    uma direção

    viajar

    palmilhar uma quilha

    já navegada pelo sol

    que nos imagine

    no caminho mais curto

    de volta ao coração

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta…

    A Teresa escolheu ‘Heroes’. Há quem diga que certas escolhas não são por acaso… nem por modéstia.

    https://www.youtube.com/watch?v=bsYp9q3QNaQ
  • Outubro mês da música

    Outubro mês da música

    Comemorado a 1 de Outubro, o Dia Mundial da Música é uma data carregada de significado e história. Criado oficialmente em 1975 pelo International Music Council (IMC) — organização fundada pela UNESCO em 1949 — o dia tem como missão promover a música como uma linguagem universal capaz de unir povos, inspirar paz e valorizar a diversidade cultural.

    A iniciativa partiu do célebre violinista e maestro Yehudi Menuhin , que acreditava profundamente no poder da música como ferramenta de inclusão, diálogo e conexão entre diferentes culturas e gerações. Para ele, a música deveria ser acessível a todos, sem barreiras.

    Porque se festeja este dia?

    • Incentivar a presença da música em todos os setores da sociedade
    • Valorizar a diversidade musical existente ao redor do mundo
    • Estimular o diálogo intercultural e fortalecer laços de amizade entre os povos
    • Defender o acesso à música como um direito fundamental

    Neste dia, por todo o mundo as pessoas podem assistir a concertos gratuitos, oficinas, exposições (entre outras). É uma oportunidade para reforçar o papel da música na educação, saúde emocional e desenvolvimento social.

    Como bem disse o músico Herbie Hancock: “A música é uma forma de arte que transcende a linguagem.” E este dia é o momento perfeito para celebrar esse poder transformador que toca corações e atravessa fronteiras.

    https://www.youtube.com/watch?v=Yjue2puI–Y&list=RDYjue2puI–Y&start_radio=1
  • Asas e Livros – Olívia e as nozes perdidas

    Asas e Livros – Olívia e as nozes perdidas

  • Setembro: canções leves 

    Setembro: canções leves 

    Setembro é mais do que uma simples mudança no calendário. É o mês que marca o fim do verão e o início do outono carregando uma aura de renascimento, nostalgia mas também de esperança. As músicas deste tempo são uma fonte inesgotável de inspiração que saltita entre acordes e versos. Seja para refletir, celebrar ou simplesmente sentir, há sempre uma música que traduz o espírito neste tempo de transição.  

     Algumas músicas tornaram-se verdadeiros hinos de Setembro. Um dos exemplos mais icônicos é “Wake Me Up When September Ends” da banda Green Day, que mergulha em temas como perda, saudade e o passar do tempo.

    https://www.youtube.com/watch?v=NU9JoFKlaZ0

    Já “September” do Earth, Wind & Fire é pura celebração — com sua batida contagiante e letra otimista, convida-nos a dançar e aproveitar a vida.

    https://www.youtube.com/watch?v=Gs069dndIYk&list=RDGs069dndIYk&start_radio=1

    Que Setembro seja um mês que pulsa entre acordes e versos.

  • Sonho sem destino


    Sonho sem destino

    Na ausência da tua fala

    aprendi a cair sem destino

    a sonhar no vazio

    aconchegada pela  memória

    das borboletas que floresciam

    quando sabias o caminho

    que te trazia embriagado

    de poesia até à minha porta.

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta… Partilhada pelo Pedro, esta canção do Pedro Abrunhosa e Sara Correia é uma melodia que nos guia pela escuridão com a força do amor e da esperança. Para ouvir e sentir…

    https://www.youtube.com/watch?v=0o77X6SI-PY
  • Paz de algodão

    Paz de algodão

    Paz de algodão 

    Nos olhos de uma criança 

    deveria demorar-se

    a preguiça de uma tarde de sol

    o perfume de uma seara de alfazema

    o voo perfeito de uma andorinha

    Das mãos  de uma criança 

    deveria escorrer

    o canto do cuco da manhã 

    o suco maduro da melancia

    o azul do ceu de Van Gogh

    No coração  de uma criança 

    deveria tatuar-se

    a esperança puro do futuro

    a coragem nua de um abraço 

    o algodão doce da paz.

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta… a Teresa abriu espaço para o debate sobre ética, verdade e responsabilidade na esfera pública…. “Demagogia feita à maneira / É como queijo numa ratoeira”

    https://www.youtube.com/watch?v=VuwNhjPsaUY
  • Asas e Livros… O que fazer para que as crianças adquiram inquietações saudáveis

    Asas e Livros… O que fazer para que as crianças adquiram inquietações saudáveis

    “Não tenho talentos especiais”, dizia Albert Einstein, “mas sou profundamente curioso”. Se havia algo na vida que Einstein achava fundamental, era “nunca deixar de fazer perguntas”

    .

  • Asas e Livros… o infinito entre páginas.

    Asas e Livros… o infinito entre páginas.

    No coração daquele universo de conhecimento, um rapaz lia, há horas, com uma concentração profunda, empreendendo viagens por épocas distantes, aprofundando conceitos e desenhando novos horizontes na sua mente inquieta. O tempo parecia ficar em suspenso.

  • Vida à janela

    Vida à janela

    Vida à janela

    Há  janelas que contam

    histórias 

    Há janelas que são vidas

    abandonadas

    Há janelas onde o vento

    grita,

    a neblina adormece

    onde não  há 

    sol

    crepitar do fogo

    café acabado de fazer

    Há  janelas solitárias 

    que convidam a entrar

    que contam histórias 

    esquecidas

    Há janelas à espera de um

    -Bom dia, cheguei!

    Há janelas que são vidas

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta… entre vizinhos e acordes, o Pedro faz do blogue um condomínio de bom gosto!

    https://www.youtube.com/watch?v=XBCMRlMzR6g
  • Partida

    Partida

    Partida

    O que fica

    de uma partida

    não anunciada

    de uma solidão 

    há muito sentada?

    Uma dor

    viajada

    um vazio

    esburacado 

    nada

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta… a Teresa escolheu Another Brick in the Wall Pt. 2 e não podia ter sido mais pedagógica: afinal, que melhor forma de celebrar a educação do que com uma música cujo refrão grita “We don’t need no education”? É quase como oferecer um bolo de aniversário com velas que dizem “Parabéns por nada”. A escolha é tão ousada que até os tijolos do muro devem ter ficado confusos. Mas talvez seja essa a genialidade da mensagem da Teresa… provocar, desafiar e lembrar-nos que a escola não deve ser uma fábrica de alunos em série, mas sim um lugar onde se aprende a pensar… até quando se canta contra ela.

    https://youtu.be/K6PwUG283DU?si=RImP6a9Z6bg-LCS7
  • Saudade

    Saudade

    A saudade é um beijo

    que se embrulha em seda

    delicado mas faminto

    de saciar a tua boca

    A saudade é um beijo

    que abala na asa do vento

    com pressa de chegar

    e vestir o teu dia

    A saudade é um beijo

    que madruga na tua pele.

  • E porque hoje é sexta…

    Porque se há alguém que sabe que todo o mundo sofre, é um professor em setembro.

    https://www.youtube.com/watch?v=5rOiW_xY-kc
  • Noite

    Noite

    A noite adormeceu

    ao nascer do dia

    sombria distante vazia

    As aves partiram

    levaram os sonhos

    do pôr do sol

    que todo o dia

    fugia fugia fugia

    da noite dormia

    Quem dera fosses aurora 

    da minha noite por um dia

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta… a Teresa decidiu elevar o nível e escolheu “Avalon” dos Roxy Music para embalar o início do fim de semana com uma atmosfera sonora que faz qualquer sexta-feira parecer uma cena de filme europeu com filtro sépia.

    https://youtu.be/bpA_5a0miWk?si=vAIU57zA0G_zzg_1
  • Asas e Livros…

    Asas e Livros… A violência estética – Ritmos do mar e da vila

    A violência estética

    O ritmo do mar e da vila

  • Recomeçar

    Recomeçar

    Recomeçar

    Recomeça

    ainda que os teus passos

    sejam brandos e

    conheçam o vazio

    Recomeça

    ainda que a tua noite

    adormeça antes de

    abraçar o dia

    Recomeça

    e corre corre corre

    a apanhar o sol

    que já escorre pela calçada

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta… a música escolhida pelo Pedro, apresentada no especial “Ivete, Gil e Caetano” da TV Globo, é um verdadeiro presente para os sentidos. Ivete Sangalo traz a sua energia e carisma, Gilberto Gil acrescenta a sua suavidade e musicalidade e Caetano, claro, entrega a alma da canção com a sua voz inconfundível.

    https://www.youtube.com/watch?v=7QWzShM3fbo

  • Sombras peregrinas

    Sombras peregrinas

    Tombadas no caminho

    as sombras arrastam-se

    em busca de um albergue

    para os seus sonhos

    Peregrinam um caminho duro

    que morde os calcanhares

    de quem ousa atravessar

    a paisagem acesa

    pelos filhos do sol

  • Asas e Livros… A bomba e o general – Arco-Íris faz as pazes

    Asas e Livros… A bomba e o general – Arco-Íris faz as pazes

    Era uma vez um átomo.
    E era uma vez um general mau com uma farda cheia de galardões.

    Ao longe, já avistamos Arco-íris e os seus amigos no fundo do oceano. Eles cintilam na
    água com mil reflexos multicolores.
    Só há um peixinho com umas riscas que não tem escamas tão brilhantes como os outros.

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta… a Teresa sugere “Don’t Stop The Dance” — e de repente o blogue virou uma mistura de “Miami Vice” com um anúncio de perfume dos anos 80. 🌴🚓

    https://www.youtube.com/watch?v=swdkilrg37o
  • O caminho

    O caminho

    O caminho faz-se caminhando

    parando a cada aguarela

    respirando a frescura da manhã

    fotografando o silêncio

     que ora nas igrejas vivas

    O caminho faz-se a passo

    de caracol, a voo de melro

    subindo e descendo

    absorvendo os matizes

    respirando o peso da distância

    O caminho vai-se pintando

    de borboletas que bailam

    de cegonhas que vigiam

    de girassóis que se curvam

    quando passamos

    O caminho perfuma-nos

    todos os sentidos.

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta… verão eterno com “Summer of ’69”. O Pedro hoje fez um convite direto à nostalgia. Esta canção, lançada em 1984, é uma cápsula do tempo que nos transporta para a juventude, as primeiras bandas, os amores de verão e aquele sentimento imortal de que tudo era possível.

    https://www.youtube.com/watch?v=eFjjO_lhf9c
  • Não sei o que sentir

    Não sei o que sentir

    Não sei o que sentir

    sei que tenho o teu sorriso

    plantado na minha boca

    sei que o teu respirar salpica

    de maresia a minha pele

    sei que os teus braços são 

    velas coloridas do meu barco

    sei que os meus passos

    tropeçam embevecidos de amor

    no teu caminho bordado de sol

    Não sei o que sentir

    com o que sinto

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta…

    ✨ Últimos dias de trabalho e a Teresa já tem os pés na areia e a cabeça a dançar com o Bowie. “Let’s Dance” é a banda sonora que ela escolheu para marcar o ritmo da fuga para o verão—da sala de aula para o sol, sem escala!

    https://www.youtube.com/watch?v=VbD_kBJc_gI
  • Asas e Livros… A Janela Mágica

    Asas e Livros… A Janela Mágica

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta… entre o burburinho dos cliques e o ritmo apressado da semana, o Pedro dá-nos o presente perfeito para fechar em grande: uma pausa com propósito. Fica o convite para desacelerar, escutar além do ruído e reconhecer que cada dia pode ser um paraíso… desde que saibamos olhar com empatia.

    https://www.youtube.com/watch?v=Qt2mbGP6vFI
  • Janelas

    Janelas

    Janelas

    Janelas são amigos fiáveis 

    que, perante portas fechadas,

    nos plantam no seu jardim

    e nos regam para florirmos.

    Janelas são olhos viajados

    que, num mundo insano,

    nos bordam a ponto cruz

    de verde e amizade.

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta… a Teresa super pronta para surfar, vai acabar a ver Netflix de manta nas pernas!

    E para dar um toque de sol ao cinzento lá fora, fica a sugestão musical que aquece qualquer tarde chuvosa: ‘Corzinha de Verão’ — porque nem o São Pedro consegue tirar o ritmo do verão que vive dentro da Teresa.

    https://www.youtube.com/watch?v=7rNP87OYcho
  • A viagem depressa envelhece

    A viagem depressa envelhece

    Uma criança amanhece

    ancorada numa bagagem

    de correias herdadas

     subtilmente desmanchadas

    mas que acorrentam o horizonte

     apenas vislumbrado no seu sonhar.

    A viagem depressa envelhece

    o seu olhar que entorpecido

    não alcança a madrugada

    da partida ou da chegada

    e está a fazer-se tarde

    cada vez mais tarde.

    Fotografia: Sérgio Moreira

    Texto: Margarida Oliveira

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta … A música sugerida pelo Pedro é quase uma aula de geografia com sotaque — mostra-nos essa terra onde a calma é lei, o pão é rei e a sombra de um chaparro vale mais do que Wi-Fi. Uma escolha musical que nos faz querer pendurar o stress no galho mais próximo e ficar só a ouvir o Alentejo respirar.

    Se é alentejano, faça um like… ou melhor, dê um sinal com calma, que a pressa nunca fez parte da paisagem! E se não é, aproveite na mesma para saborear esta música — porque sentir o Alentejo não exige morada, apenas coração aberto e tempo para escutar.

    https://www.youtube.com/watch?v=aFipQWNuSJI&list=RDaFipQWNuSJI&start_radio=1
  • Grades

    Grades

    Nem sempre as grades
    visíveis
    são as que mais nos
    aprisionam
    o que mora em nós
    muitas vezes nos
    enlaça
    prende
    num véu
    mais difícil de despir
    do que uma burca.

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta… a Teresa sugere que durante os próximos dois dias, deixemos os exames lá num cantinho e nos juntemos já à longa lista de elite que quer conquistar este planeta . Segunda-feira? Ah, segunda é outra música … aí o traje ditatorial dá lugar à caneta vermelha e vamos aterrar diretamente numa pilha de folhas cheias sonhos e de esperança e, claro, das nossas companheiras de viagem… as famosas grelhas de excel, que são quem nos governa durante a semana!

    https://www.youtube.com/watch?v=aGCdLKXNF3w
  • Asas e Livros – O Homem que plantava árvores

    Asas e Livros – O Homem que plantava árvores

  • Zona protegida


    Zona protegida

    Em ebulição, mergulhaste 

    sem adivinhar a intensidade 

    da erosão que causarias

    nas pradarias protegidas

    do meu ser

    Não sonharias a magnitude 

    do primeiro sismo com hipocentro

    no meu coração.

    Não despertarias os vulcões 

    adormecidos do meu sentir

     Não aflorarias os movimentos tectónicos da minha pele

    Não houve mortes

    ainda

  • E porque hoje é sexta…


    E porque hoje é sexta… a professora Teresa não aceita preguiça. Em época de exames é levantar cedo ou ficar a ver os outros a entrar no Hall of Fame. Não há “só mais cinco minutinhos”. É levantar a cabeça da almofada e resolver equações! E depois… prometer a todos os santinhos para que o router da internet aguente ou o portátil não fique sem bateria.

    https://www.youtube.com/watch?v=mk48xRzuNvA
  • Portas guardadas

    Portas guardadas

    Portas guardadas

    Há portas que guardam
    Vidas esquecidas
    Que ninguém reclama…

    Há portas com guardiões
    Perdidos no tempo
    Que, esquecidos,
    Não sabem já
    O que guardam..

    Há portas que guardam
    o futuro que
    Nunca chega às horas
    Esperadas…

  • “Querida, queres casar comigo?” -“Pequena, vais casar comigo!”

    É de se celebrar a Lei n.º 93/2017, de 23 de agosto, que estabelece o regime jurídico para prevenir, proibir e combater qualquer forma de discriminação em razão da origem racial e étnica, cor, nacionalidade, ascendência e território de origem. Há que proteger as minorias étnicas, contra a discriminação e o preconceito. 

    Não abdico do parágrafo anterior no que diz respeito aos meus valores e à minha formação como ser humano. 

    Dito isto, não aceito um Estado que faça vista grossa à violação de Direitos Humanos no seio destas minorias étnicas com receio de ser conotado de racista ou xenófobo. Não admito que um Estado que se orienta por um conjunto de documentos que valorizam e promovem o indivíduo como um ser com livre arbítrio e autonomia, se desresponsabilize de determinados hábitos enraizados. 

    A linha que protege os Direitos Humanos de qualquer indivíduo dentro das nossas fronteiras não se pode apagar ou mover. O nosso comportamento parece ser o de não discriminar as minorias (e bem) mas deixar que as minorias discriminem dentro do seu grupo. Isto em nome de hábitos culturais adquiridos. Como se fosse possível fechar os olhos a direitos fundamentais apenas porque são realizados dentro de um determinado grupo que viola esses direitos desde sempre.

    Corria o ano de 2007 quando tive a primeira experiência profissional de ver uma criança ser raptada de um sistema educativo, de uma sociedade que se rege pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, para ser forçada a algo que ainda não conseguia entender. Não é possível e tem de ser socialmente e criminalmente punido. 

    Ao longo dos anos este episódio foi-se repetindo aqui e ali. Espero que esta Lei n.º 93/2017, que tem servido para que se tire o dedo da ferida perante várias situações, não seja pretexto para que o Estado fuja das suas obrigações.

    Deixo parte de uma crónica de um dos meus escritores de eleição, que foi escrito tendo em conta uma destas contradições da sociedade democrática e que se aplica perfeitamente:

    “Mas, claro, sem que a mais admirável conquista dos países europeus, que é a cultura democrática, seja prejudicada, e sim, ao contrário, que se renove e enriqueça com a adoção desses novos cidadãos. É óbvio que são estes que têm de adaptar-se às instituições da liberdade, e não estas renunciar a si mesmas para acomodar-se a práticas ou tradições incompatíveis com elas. Nisso não pode nem deve haver concessão alguma em nome das falácias de um comunitarismo ou multiculturalismo pessimamente entendidos. Todas as culturas, crenças e costumes devem ter lugar numa sociedade aberta, desde que não colidam frontalmente com os direitos humanos e os princípios de tolerância e liberdade que constituem a essência da democracia. Os direitos humanos e as liberdades públicas e privadas garantidas por uma sociedade democrática estabelecem um amplíssimo leque de possibilidades de vida que possibilitam a coexistência em seu seio de todas as religiões e crenças, mas estas, em muitos casos, como ocorreu com o cristianismo, deverão renunciar aos extremismos de sua doutrina — monopólio, exclusão do outro e práticas discriminatórias e lesivas aos direitos humanos”. Mário Vargas Llosa – El País

    Fotografia e texto: Sérgio Moreira

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta… o Pedro trouxe mais um pouco do que de bom se vai fazendo por aí!!! Quando se juntam talentos criam-se sinergias que vão para além da soma das partes…

    https://www.youtube.com/watch?v=9D6uCMMhT9w
  • Asas e Livros… As Rosas de Amara

    Asas e Livros… As Rosas de Amara

  • Asas e Livros… Guilherme Augusto Araújo Fernandes

    Asas e Livros… Guilherme Augusto Araújo Fernandes

  • Vazio

    Vazio

    O vazio é o fim
    Onde podes rasgar-te
    Na solidão da dor.

    O vazio és arriscadamente tu
    Onde te podes semear
    De estrelas cadentes no caminho.

    O vazio é o infinito
    Onde podes plantar
    O perfume fresco do manjericão.

    O vazio é o princípio
    Onde podes colher
    O mistério deslumbrado.

    O vazio está pleno de ti…

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta… e como já é hábito, temos a nossa sugestão musical. Esta semana é a vez da nossa Teresa que, certamente inspirada pelas duas dezenas de grelhas que tem à sua frente, sugere que não deixemos de acreditar!

    https://www.youtube.com/watch?v=1k8craCGpgs
  • Vestígios de vida

    Vestígios de vida

    Quando ousamos sair de nós

    ainda que respirar nos rasgue

    e da vida sobeje apenas um ai

    quando olhar os destroços

    de sonhos deserdados

    dói mais por se ter amado

    ainda assim, podemos resgatar

    a beleza nas pétalas de uma flor

    esquecida na noite.

  • Sorriso traído

    Sorriso traído

    As trevas irromperam a galope
    do meu fiel escudeiro
    que manchou de dor
    a minha aurora primaveril.

    Pai, como ousaste trair
    o meu amor pueril?
    Como ousaste ensanguentar
    a minha translúcida esperança?
    Como ousaste assassinar
    a minha promessa de futuro?

    Que vergonha é esta
    que escorre o meu horizonte?
    Que memória é esta
    que amortalha o meu sorriso?
    Que vazio é este
    que fura o meu olhar perfumado de sonhos?

    Pai?

    Fotografia: Sérgio Moreira

    Texto: Margarida Oliveira

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta…

    O Pedro levou-nos para o mundo Warner. Esta pérola de 1945 que nos transporta para o mundo de George Gershwin. Esta é para se ouvir no intervalo das 10h. Ponha os auriculares, desligue do colega da mesa da frente e mergulhe na era de ouro dos cartoons. Imagine-se numa sala de cinema com umas pipocas num daqueles filmes com perseguições sem fim!

    Não se esqueça de ir acenando com a cabeça ao colega da frente e claro… não chegue atrasado à aula seguinte…

    https://www.youtube.com/watch?v=VAuTouBhN5k
  • Asas e Livros… Os botões de um mundo melhor

    Asas e Livros… Os botões de um mundo melhor

  • Asas e Livros… A Natureza Cura

    Asas e Livros… A Natureza Cura

  • Oásis

    Oásis

    Chilreiam felizes

    Pássaros estivais

    no seu oásis…

    Mal sabem que o sol

    Não nasce para todos,

    Aquece apenas alguns,

    Só se põe nos sonhos dos eleitos.

    Quem me dera ser

    pássaro enlouquecido

    E beber o sonho dourado

    No horizonte do teu oásis.

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta… a Teresa, certamente inspirada pelo período de avaliações que se avizinha, sugere:

    https://www.youtube.com/watch?v=h7CyAKyE-FM
  • Dia do Autor Português

    Dia do Autor Português

    O Dia do Autor Português é assinalado a 22 de maio e foi instituído pelo maestro Nóbrega e Sousa, com o intuito de homenagear as diversas áreas artísticas portuguesas como é o caso da literatura, poesia, pintura cinema e música.

    Quanto à música, os compositores, letristas, intérpretes e músicos são também autores que contribuem significativamente para a identidade cultural portuguesa. Neste dia, são frequentemente homenageadas figuras da música nacional, como maestros, cantores e compositores, reconhecendo o seu papel na preservação e inovação da música portuguesa.

    Este dia é também uma oportunidade para sensibilizar o público sobre a importância dos direitos de autor, especialmente no setor musical, onde a proteção da criação artística é essencial para garantir a sustentabilidade da carreira dos músicos.

    A  música portuguesa sempre desempenhou um papel essencial na identidade cultural do país. Do fado tradicional ao rock moderno, passando pelo pop e pelas influências africanas, Portugal possui uma herança musical rica e diversificada. Ao longo das décadas, surgiram artistas que marcaram gerações e se tornaram verdadeiros ícones da música nacional.

    A título de curiosidade deixamos uma nota biográfica de alguns artistas portugueses.

    Nota Biográfica: António Victorino de Almeida

    • Nome completo: António Victorino Goulart de Medeiros e Almeida
    • Data de nascimento: 21 de maio de 1940
    • Local de nascimento: Lisboa, Portugal
    • Profissões: Maestro, compositor, pianista, escritor, divulgador cultural
    • Formação: Conservatório Nacional de Lisboa e Academia de Música de Viena
    • Obras principais: Composições sinfónicas, música de câmara, bandas sonoras, livros e programas de televisão sobre música
    • Família: Pai das atrizes Maria de Medeiros e Inês de Medeiros, e da violinista Anne Victorino de Almeida
    • Distinções: Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, entre outras
    • Contribuição: Figura central na divulgação da música clássica em Portugal, com uma carreira multifacetada e interna.

    Nota Biográfica: Amália Rodrigues

    • Nome completo: Amália da Piedade Rebordão Rodrigues
    • Data de nascimento: 23 de julho de 1920
    • Local de nascimento: Lisboa, Portugal
    • Data de falecimento: 6 de outubro de 1999
    • Profissão: Cantora, atriz
    • Género musical: Fado
    • Contribuições principais:
      • Internacionalização do fado
      • Introdução de poesia erudita no repertório fadista
      • Participação em filmes e espetáculos internacionais

    Reconhecimentos:

    • Considerada a “Rainha do Fado”
    • Sepultada no Panteão Nacional
    • Distinguida com várias condecorações nacionais e internacionais
    • Legado: Figura central da música portuguesa do século XX, símbolo da identidade cultural do país

    Nota  Biográfica: Carlos Paredes

    • Nome completo: Carlos Paredes
    • Data de nascimento: 16 de fevereiro de 1925
    • Local de nascimento: Coimbra, Portugal
    • Data de falecimento: 23 de julho de 2004
    • Profissão: Guitarrista e compositor
    • Instrumento: Guitarra portuguesa
    • Estilo musical: Fado de Coimbra, música instrumental portuguesa
    • Família: Filho de Artur Paredes, também guitarrista de renome
    • Contribuições principais:
      • Elevou a guitarra portuguesa a um instrumento de concerto
      • Compositor de obras como Verdes Anos, Canção Verdes Anos, Movimento Perpétuo
      • Colaborou com cineastas e músicos internacionais
    • Ativismo: Militante do Partido Comunista Português; preso pela PIDE nos anos 1950
    • Reconhecimentos: Considerado um símbolo da cultura portuguesa; conhecido

    Ficha Biográfica: António Variações

    • Nome completo: António Joaquim Rodrigues Ribeiro
    • Data de nascimento: 3 de dezembro de 1944
    • Local de nascimento: Fiscal, Amares, Braga, Portugal
    • Data de falecimento: 13 de junho de 1984
    • Profissão: Cantor, compositor e cabeleireiro
    • Géneros musicais: Pop, rock, fado, blues, new wave
    • Estilo: Visual excêntrico, mistura de música tradicional portuguesa com sonoridades modernas
    • Início de carreira: Final dos anos 1970
    • Álbuns principais:
      • Anjo da Guarda (1983)
      • Dar e Receber (1984)
    • Canções icónicas: Estou Além, Canção do Engate, O Corpo é que Paga, É P’ra Amanhã
    • Legado: Tornou-se um símbolo de liberdade artística e de inovação na música portuguesa. A sua influência continua viva através de reedições, tributos e ada sua obra.

  • Esplanada

    Esplanada

    É tarde, tão tarde…

    A noite é já recolhida,

    Mas os meus pensamentos

    vagueiam ainda pela

    Esplanada submissa

    Ao sol e à gente.

    É tarde, tão tarde…

    Ainda assim, penso em ti,

    Luxuriosa e poeticamente…

    Quão humano será

    Amar-te assim,

    tão despidamente?

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta… o Pedro recuou até 1995 para nos trazer…

    https://www.youtube.com/watch?v=kvdTmaI_Vns
  • Asas e Livros – A princesa que queria escrever – O nome que nunca foi seu

    Asas e Livros – A princesa que queria escrever – O nome que nunca foi seu

    A princesa que queria escrever

    O nome que nunca foi seu

  • Viver devagar

    Viver devagar

    Quero viver à velocidade

    Da lágrima que se espraia

    Dentro do meu rosto

    Em busca do teu colo

    Quero viver à velocidade

    Da memória de uma tarde

    Platónica que plantou

    O meu amor à beira mar.

    Quero viver à velocidade

    De um sábado longínquo

    Em que soube que era eterno

    O brilho refletido no teu olhar

    Quero viver à velocidade

    Da pétala que, da tua janela,

    Baila com o meu perfume

    Que ficou preso ao teu caminhar

    Quero viver, viver devagar

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta… a Teresa foi à Bolívia…

    https://www.youtube.com/watch?v=sCNlt5nvSI8
  • Gaiola de Giestas

    Gaiola de Giestas

    A avó varria as agruras
    de uma vida ensimesmada,
    com giestas aos molhos
    amarradas contra o medo
    que escorria, assustado,
    pelos olhos calados
    de crianças aprisionadas
    em gaiolas quase douradas.

    Mas a primavera, teimosa,
    insistia e lançava sonhos
    para o futuro…
    E brotavam maias e mais maias
    que ondulavam o sol que
    vivo e quente,
    corria pelas encostas.

    Mas o fogo da tradição
    cedo ou tarde
    cegava os sonhos acorrentando-os aos molhos
    com que a avó varria, varria,
    a vida.

    Fotografia: Sérgio Moreira
    Poema: Margarida Oliveira

  • Escrever

    Escrever

    Não sei para que escrevo

    nao sei sequer porquê

    sei que o voo das aves

    o cheiro da maresia

    se entranham em mim

    e me levam à tua procura.

    A busca, sempre a busca

    da memória futura da pele.

  • E porque hoje é sexta…

    Esta semana o Pedro Mota decidiu ir para o piano e deixar um registo diferente neste espaço. Talento não lhe falta! Agradecemos esta partilha!!!

  • Sonho a preto e branco

    Sonho a preto e branco

    A preto e branco 

    me desenham a sombra,

    esculpindo um futuro 

    de sonhos embaciados.

    Assim amarram a minha altura

    ancorando-me em terra

    sem asas que olhem o céu. 

    Vergada sob o peso

    de escolhas viciadas

    rastejo de um passado

    que não recordo 

    para um futuro 

    que não sonho!

    Texto: Margarida Oliveira

    Fotografia: Sérgio Moreira

  • Asas e Livros – A Guardiã do Planeta Silêncio – O Menino e o Mar

    Asas e Livros – A Guardiã do Planeta Silêncio – O Menino e o Mar

  • Liberdade

    Liberdade

    Liberdade é ser mais branco,

    Num imenso mundo azul

    E ser sombra na luz do céu

    E ser ninho habitado de vazio

    E ser asa que não voa

    E ser canto desafinado,

    Porque não?!

    Liberdade é ser caminho torto

    Vagueando na imensa rectidão,

    E ser livre na prisão escolhida

    É ser amor na imensa solidão.

    Liberdade é amar rasgando a pele

    É pensar o apaixonado coração.

    Liberdade é sim, liberdade é não…

  • A outra margem – emigração portuguesa no século XX

    A outra margem – emigração portuguesa no século XX

    “Em 1969 fui de táxi até Vilar Formoso; éramos 3 mulheres e duas crianças. O taxista deixou-nos perto de um rio e disse-nos para atravessarmos para o outro lado, onde se situava Espanha. Atravessámos o rio a pé mas fomos apanhadas pela polícia espanhola. Eles queriam mandar-nos para trás e nós começamos a chorar e eles com pena deixaram-nos passar; nessa altura estava grávida. Depois apanhámos o comboio de Espanha para Paris. Nem tenho noção das horas que andámos, foram tantas, estávamos desesperadas por comer e beber, nunca mais me esqueço. Chegámos a Paris e tivemos que ir à polícia francesa para eles nos darem uma autorização para a gente circular por França; depois, mais tarde, fomos para uma aldeia a 150km de Paris.

    Vivíamos num curral que um casal cedeu, pois não conseguíamos arranjar casa. Tive de pôr tijolos com palha para fazer de cama. A casa de banho era lá fora no quintal, às vezes vinham bichos e picavam-nos, não tinha teto no curral, víamos os ratos a correr no plástico. Veio lá uma assistente social e queria-nos tirar os filhos a todas, mas ela, com pena, acabou por nos arranjar um apartamento.

    Eles eram racistas connosco diziam “vai-te embora cabeça de bacalhau”, “cabeça de porco”, “estão-nos a tirar o trabalho”… nem bom dia nos davam, com o ódio, mas depois havia boas pessoas.”

    Texto: testemunho retirado do projeto “Memórias vivas do século XX”

    A emigração portuguesa no século XX foi um fenómeno significativo que moldou a história do país. O início do século XX foi marcado pela emigração para o Brasil e os Estados Unidos, enquanto a década de 1960 testemunhou a emigração para países europeus.

    A emigração para o Brasil começou no final do século XIX e continuou até a década de 1930, atraindo principalmente trabalhadores rurais. A emigração para os Estados Unidos também começou no final do século XIX, com muitos portugueses a estabelecerem-se na costa leste do país. Durante as primeiras décadas do século XX, muitos portugueses também emigraram para a Argentina e Uruguai.

    O primeiro grande fluxo migratório ocorreu durante as décadas de 1950 e 1960, período conhecido como o “êxodo rural”. A maioria dos emigrantes vinha do interior do país, principalmente das regiões do Minho, Trás-os-Montes e Beira Baixa. Essa emigração foi motivada pela pobreza, falta de trabalho e más condições de vida no campo.

    Esse êxodo rural começou a concentrar-se em países europeus, com muitos portugueses a emigrarem para a França, Suíça, Alemanha e Luxemburgo. A emigração para a França foi particularmente significativa, com mais de um milhão de portugueses que se estabeleceram durante as décadas de 60 e 70.

    A emigração portuguesa para a França começou a ganhar força na década de 1960, quando o governo francês iniciou um programa de recrutamento de mão de obra estrangeira para suprir a falta de trabalhadores em diversos setores da economia. O acordo entre Portugal e França, assinado em 1963 (Acordo com Respeito à Migração, ao Recrutamento e à Colocação de Trabalhadores Portugueses em França, de 31 de Dezembro de 1963), facilitou a entrada de trabalhadores portugueses no país.

    Os portugueses que emigraram para França trabalhavam principalmente na construção civil, na indústria têxtil e na restauração. Muitos trabalhavam em condições precárias e enfrentavam dificuldades para se integrar na sociedade francesa, devido à barreira linguística e cultural.

    Hoje em dia, muitos portugueses ainda vivem em França, mas o fluxo migratório diminuiu consideravelmente nas últimas décadas. A comunidade portuguesa em França é hoje uma das maiores comunidades estrangeiras no país, com cerca de 1 milhão de pessoas.

    A emigração portuguesa teve um impacto significativo no país, tanto em termos de perda de mão de obra quanto de influência cultural. A emigração também teve um impacto económico, já que muitos emigrantes enviavam dinheiro para as suas famílias em Portugal. Além disso, muitos emigrantes retornaram ao país com novas habilidades, experiências e recursos, o que contribuiu para o desenvolvimento da economia portuguesa. Os portugueses que sairam, contribuíram também para o desenvolvimento dos países para os quais emigraram.

    Fotografia e texto:

  • E porque hoje é sexta…

    E porque hoje é sexta… e no dia em que se comemora a liberdade…

    https://www.youtube.com/watch?v=KpFEn24TyuA
  • Ressurreição

    Ressurreição

    Todos os dias morri

    talvez um pouco mais

    todos os dias me reergui

    talvez um pouco de menos

    definhando à sombra vazia

    dos sonhos que não vivi.

    Talvez um dia enterre

    espantada o amor

    com que me sufoquei

    e morrendo, talvez demasiado

    nesse dia cinzento,

    à pressa renasça

    sedenta de firmamento,

    e desenfreada, cresça 

    o que me prometi.

  • Abril e a sua Música

    Abril e a sua Música

    O mês de  Abril  carrega em si um forte simbolismo de renovação e mudança, assim como acontece com a “ música de Abril”.  Em diferentes contextos históricos, as músicas de abril têm desempenhado papéis cruciais, inspirando movimentos sociais e políticos, neste caso em particular com maior destaque para a Revolução dos Cravos em Portugal.

    A Revolução dos Cravos, ocorrida em 25 de abril de 1974, é um dos eventos mais significativos da história portuguesa. Foi derrubada a ditadura do Estado Novo e instaurou a democracia no país. As músicas, à época, desempenharam um papel vital neste processo, servindo como símbolos de resistência e esperança.

    Exemplo disso, temos “Grândola, Vila Morena” de José Afonso que se tornou o hino não oficial da Revolução dos Cravos. Foi transmitida na rádio como um sinal para o início do golpe militar que levou ao fim da ditadura. Por sua vez, “E Depois do Adeus” de Paulo de Carvalho que serviu como senha para o início da revolução. Foi a primeira a ser transmitida na rádio, sinalizando o início das operações militares.

    Podemos assim afirmar que as músicas de abril têm desempenhado papéis importantes em diferentes contextos históricos, sendo ferramentas poderosas de mudança social.

  • E porque hoje é sexta!

    E porque hoje é sexta!

    Ouça a sugestão do Pedro Mota, que em vésperas de início de novo período escolar, escolheu algo bastante… intemporal!!

    https://www.youtube.com/watch?v=bZwxTX2pWmw

  • O saber livresco, as sinapses e o controlo de massas

    O saber livresco, as sinapses e o controlo de massas

    As sinapses são partes fundamentais do processo de construção do conhecimento no cérebro humano. Elas são conexões entre os neurónios que permitem a transmissão de informações de uma célula para outra. Essas conexões são formadas a partir de experiências sensoriais, emocionais e cognitivas, e são modificadas e fortalecidas à medida que novas informações são aprendidas e processadas.

    À medida que continuamos a aprender e a construir novos conhecimentos, essas conexões sinápticas tornam-se mais complexas e interconectadas, permitindo a formação de redes neurais que suportam habilidades cognitivas mais avançadas, como a resolução de problemas complexos e a tomada de decisões.

    Por outro lado, a falta de treino do cérebro humano, entre outros sintomas, pode levar a uma redução da capacidade cognitiva, reduzindo a capacidade de criar e inovar.

    Durante a Idade Média, houve uma excessiva dependência do conhecimento clássico, ou seja, dos escritos e ideias dos antigos filósofos gregos e romanos, especialmente de Aristóteles. Isso ocorreu principalmente porque a maioria dos estudiosos medievais não tinha acesso a outras fontes de conhecimento e não havia incentivo para a pesquisa e a inovação.

    No entanto, a excessiva dependência do conhecimento clássico levou a uma falta de progresso e inovação. A adesão estrita à filosofia aristotélica restringiu o pensamento crítico e a criatividade dos estudiosos, impedindo-os de questionar e desafiar ideias estabelecidas. Isso também limitou o desenvolvimento de novas teorias e descobertas científicas.

    Só no final da Idade Média, com a redescoberta das obras dos antigos gregos e romanos, além do surgimento de novas fontes de conhecimento, como as descobertas científicas dos árabes, a Renascença começou a ocorrer. Com ela, veio um novo interesse pelo pensamento crítico, a observação empírica e a experimentação, levando ao desenvolvimento de novas ideias e teorias em várias áreas do conhecimento, incluindo a filosofia, a arte, a ciência e a medicina.

    A problemática de não questionar o saber que nos é apresentado é que corremos o risco de aceitar informações e ideias sem realmente entender ou avaliar se elas são precisas ou úteis. Isso pode levar a uma falta de pensamento crítico e à propagação de informações falsas ou enganosas.

    Ao aceitar cegamente o que nos é dito sem questionar, estamos a abrir mão do nosso poder de discernimento e julgamento. Isso pode levar a decisões pobres e ações prejudiciais, tanto para nós mesmos como para outras pessoas ao nosso redor.

    A falta de capacidade crítica numa sociedade pode levar ao controlo de massas por parte de grupos de poder. Sem a habilidade de questionar e avaliar informações de forma crítica, as pessoas são mais propensas a aceitar ideias e opiniões impostas pelos meios de comunicação, governos ou outras entidades. Isso pode levar a uma redução na diversidade de pensamento e à propagação de ideologias dominantes que muitas vezes não representam os interesses de toda a sociedade.

    Por outro lado, a capacidade crítica permite às pessoas questionar e desafiar as opiniões dominantes, permitindo a tal diversidade de pensamento e a possibilidade de alcançar mudanças sociais positivas. Uma população crítica é capaz de analisar e avaliar informações, permitindo-lhe formar as suas próprias opiniões e tomar decisões informadas.

    Na sociedade democrática, a participação ativa dos cidadãos é essencial para manter o equilíbrio de poder e garantir que os direitos e interesses das pessoas sejam protegidos. Isso significa que os cidadãos precisam de ser capazes de analisar criticamente as informações que lhes são apresentadas e formar opiniões informadas com base nos factos e nas evidências.

    As decisões importantes são tomadas através do diálogo, negociação e consenso entre diferentes grupos e indivíduos. O pensamento crítico permite que as pessoas avaliem diferentes pontos de vista e ideias e cheguem a um acordo justo e equitativo.

    Além disso, o pensamento crítico é essencial para a transparência dos governos e instituições democráticas. Através do questionamento e da avaliação crítica, os cidadãos podem garantir que as instituições públicas e os seus representantes sejam responsáveis pelas suas ações e decisões.

    Fotografia e texto:

  • Asas e Livros – O apelo da terra

    Asas e Livros – O apelo da terra

  • Asas e Livros – Para lá do céu da vila

    Asas e Livros – Para lá do céu da vila

  • Asas e Livros – A Dança da Primavera / Ana e o ovo da Primavera

    Asas e Livros – A Dança da Primavera / Ana e o ovo da Primavera

  • Não é fácil

    Não é fácil

    Não é fácil partir 

    Deixar-te no caminho 

    Que calcetaste de silêncios 

    Não é fácil debandar-me 

    Do chão granítico 

    Que esculpiste em mim 

    Não é fácil voar 

    Com as asas partidas 

    De gaivota em terra 

    Não é fácil ser sonho 

    Atado a uma pedra 

    Sem direção

  • E porque hoje é sexta… The Cure – Friday I’m In Love

    E porque hoje é sexta… The Cure – Friday I’m In Love

    Ficamos com mais uma sugestão da Teresa…

    https://www.youtube.com/watch?v=mGgMZpGYiy8
  • As correntes da História

    As correntes da História

    Corria o ano de 1455 da era cristã quando o Papa Nicolau V através da bula “Dum Diversas” concedia a D. Afonso V de Portugal “permissão plena e livre para invadir, buscar, capturar e subjugar sarracenos e pagãos e outros infiéis e inimigos de Cristo onde quer que se encontrem, assim como os seus reinos, ducados, condados, principados, e outros bens […] e para reduzir as suas pessoas à escravidão perpétua”. Nada de novo! Aqui deste lado do Atlântico, desde que existem dois seres humanos no mesmo espaço, um tenta subjugar o outro e, portanto, a escravatura no século XV já é uma prática milenar. Desta vez com o apoio da Igreja que vivia mais uma das suas páginas cinzentas.
    O imaginário ocidental de escravatura desta época leva-nos para o tráfico negreiro entre os continentes africano e americano. No entanto, a utilização de mão de obra escrava africana dá-se apenas com a produção em grande escala de cana-de-açúcar, tabaco e algodão e apenas depois de se perceber que a mão de obra nativa não era adequada. Precisava-se de capacidade de trabalho e força de braços que existia em África. Para nós, esta é a imagem e o estigma que carregamos. Somos descendentes de esclavagistas! Mas não somos racistas, escravizamos qualquer um.
    O continente africano foi o plano de recurso numa Europa que não tinha população suficiente para ser colocada no Novo Mundo. Naquela época já se tinha percebido que a mão de obra escrava não era tão barata como se poderia pensar. Segundo Eric Williams na sua obra “Capitalismo e escravidão”, o sustento de escravos que podiam ser pouco produtivos e que não tinham outra motivação que não a de “comer o máximo e trabalhar o menos possível”, era menos rentável que pagar a homens livres para executar as mesmas tarefas mas as monoculturas exigiam uma mão de obra que a Europa não tinha. No entanto, os sucessores dos índios foram os brancos. Tal como no mito nórdico de Náströnd, no século XVIII, os condenados europeus (vagabundos, malandros e vadios, ladrões, ciganos, entre outros), os dissidentes políticos e religiosos eram condenados ao trabalho e desterrados nas ilhas canavieiras. As práticas de engajamento dos nossos dias em que só se dá a liberdade a alguém depois se deram pagos os valores acordados pelas travessias são prática comum de há uns séculos.
    O meu fascínio pelas correntes é apenas porque a nossa identidade construiu-se com base na subjugação dos nossos semelhantes. É uma ação continua que nem sempre conta com bulas papais claras e públicas. Hoje a escravatura está dissimulada através de práticas políticas ou comerciais e somos todos nós os passageiros dos navios negreiros.

    Fotografia e texto:

  • Esplanada revisitada

    Esplanada revisitada

    A esplanada onde nos inventamos juntos

    Jamais será a esplanada onde me reinvento sozinha.

    O aroma a café e a chocolate quente

    Enche o meu palato de vazio

    Desaconchega-me em nós

    Desassossega-me num futuro que não há.

    Procurar-te num tempo suspenso

    Leva-me a um lugar fossilizado

    Numa chávena de fundo perdido

    Por onde escorreram os nossos beijos líquidos.

    A esplanada onde nos inventamos juntos

    Jamais será a esplanada onde me esqueço de nós.

  • E porque hoje é sexta… Jean-Michel Jarre – Fourth Rendez-Vous

    E porque hoje é sexta… fica a sugestão: Jean-Michel Jarre – Fourth Rendez-Vous

    https://www.youtube.com/watch?v=vCLEZM_N0K8
  • Uma abelha honesta e poupada a assombrar o capitalismo

    Uma abelha honesta e poupada a assombrar o capitalismo

    No crepúsculo de mais um dia, enquanto procuro o melhor enquadramento para um Buda corpulento que afortunadamente me saiu numa rifa, sou interrompido pelo som ensurdecedor de um enxame de atarefadas abelhas que, aproveitando a hora mágica, estabelecem uma relação mutualista com uma das tangerineiras do quintal. Estão numa espécie de banquete onde todos ganham no fim de tamanha agitação.
    Talvez inspirado pelo meu volumoso amigo que medita há alguns meses num dos cantos do jardim, e observando que algumas abelhas se moviam livremente com um diferente grau de envolvimento na relação com a árvore, pensei que ali estavam presentes teorias de dois autores que tentam explicar a melhor forma de se conduzir economicamente uma sociedade.

    A fábula escrita no século XVIII por Bernard Mandeville apresenta-nos a ideia de que o vício, a procura de prazer, de satisfação e a ganância individual são necessários para a prosperidade da sociedade capitalista e foi mais tarde desenvolvida por outros notáveis. Mandeville considerava que é necessário sermos livres para desenvolvermos os nossos vícios e que cabe aos governantes assegurar essa espécie de sociedade. Como que se para termos uma sociedade liberal tivéssemos que passar primeiramente por uma sociedade libertina. Capitalismo e vício andam de mãos dadas na fábula do autor segundo a qual quando nos vestimos de moral, virtude e honestidade destruímos a dinâmica económica. As abelhas do meu jardim, sem vícios e virtuosas, “voariam para uma colmeia vazia, abençoadas com satisfação e honestidade”.

    O diferente grau de agitação com que as abelhas se movem em volta da minha tangerineira pode ser também um problema para a sociedade capitalista onde, segundo o paradoxo da poupança de keynes, apenas a ação concertada do grupo pode trazer benefícios comuns, uma espécie de adaptação do dilema do prisioneiro ao campo económico. Quando uma das abelhas decide abrandar ou voar em sentido contrário, porque considera que para si é mais benéfico, acaba por trazer o desiquilíbrio à colmeia e causar também em si, posteriormente, uma desgraça maior.

    Esta ideia de que temos que caminhar guiados pelo vício e de acordo com o pensamento e as ações das massas quase que me dá vontade de cortar a tangerineira. Mas faz-me falta, dá-me sombra. Aquela sombra da liberdade que apenas se consegue conquistar em grupo.

    Talvez o melhor seja deixar as meditações para o meu amigo de barro e voltar a desfrutar um pouco do que me resta da hora mágica.

    Fotografia e texto:

  • Personagens

    Personagens

    Pessoas e seus cenários

    Com entradas vazias

    Em papéis por desvendar.

    Pessoas e suas máscaras

    Bailarinas ao ritmo

    De músicas por criar.

    Pessoas e seus abandonos

    Nos bastidores da vida

    Em ensaios por marcar.

    Pessoas, figurantes falidos

    De dramas irreais,

    De sonhos por representar.

    Personagens, apenas pessoas,

    Rentes ao quase despertar.

  • O pensamento crítico e a nobreza democrática

    O pensamento crítico e a nobreza democrática

    No início do século XVII Francis Bacon dizia que “o pensamento crítico é ter o desejo de buscar, a paciência para duvidar, o empenho para meditar, a lentidão para afirmar, a disposição para considerar, o cuidado para ordenar e o ódio por qualquer tipo de impostura”. O pensamento do autor, no início do século, tornou-se fundamental para o conjunto de mudanças políticas e sociais das décadas seguintes.

    Este conceito acabou por nunca mais ser abandonado, tendo sido introduzido formalmente nos perfis curriculares e amplamente adotado no mundo científico, político, empresarial e social.

    Na era da desinformação e da polarização política, a capacidade crítica é essencial para que possamos questionar as razões por trás das informações que recebemos.

    Em democracia, a tomada de decisão pode ser potenciada por esta capacidade. O diálogo político pode ser analisado e os argumentos avaliados para que as decisões sejam tomadas baseadas em evidências. Infelizmente, os governantes privilegiam uns grupos em detrimento de outros. Os recursos e a influência na sociedade incluem, normalmente, pessoas com poder político, económico ou social.

    Esta “nobreza democrática” combate-se através do espírito crítico. Quando estamos dispostos a questionar a autoridade e avaliar as informações de forma objetiva, é mais difícil para os grupos privilegiados manterem a sua posição de poder. Desta forma acabámos por expor a corrupção e o nepotismo na elite política e promovemos uma sociedade mais justa e democrática.

    Fotografia e texto:

  • E porque hoje é sexta… The Beatles – Here Comes The Sun (2019 Mix)

    E porque hoje é sexta… The Beatles – Here Comes The Sun (2019 Mix)

    https://www.youtube.com/watch?v=KQetemT1sWc

  • Quase partida…

    Quase partida

    As árvores vivem de pé,

    Ainda que o vento as curve,

    Ainda que o sol as cegue

    Ainda que o medo as ondule.

    As árvores não são quase vida,

    As árvores não quase amam,

    As árvores apenas fazem vénias

    Ao voo dos sonhos do azul.

  • A liberdade diante do absurdo

    A liberdade diante do absurdo

    “Perguntei ao meu irmão se as mulheres ainda cantavam lá na fábrica.
    – Não! – disse ele – Lá têm tempo para isso…”

    Assim se desenrola mais uma conversa com uma colega que dedica grande parte do seu tempo a lutar pela liberdade e a formar gerações nos ideais do respeito e da dignidade. Recorda com nostalgia as vivências de juventude na fábrica do pai, um self-made man que subiu a pulso e cuja geração seguinte teve que fazer a necessária transição para um trabalho em cadeia que tirou a melodia das bocas dos trabalhadores e a substituiu por gestos ritmados e mecanizados. Segue-se uma reflexão sobre como os humanos não podem ser a extensão das máquinas. O olhar distante sugere que não acredita que o caminho seja favorável à classe trabalhadora.

    A conversa deixa-me no pensamento uma expressão e um autor. Não lho digo para evitar o clássico: “Já te estás a armar.”

    Reza o mito que o astuto rei Sísifo por ter afrontado Zeus e enganado Hades, foi condenado por Hermes a um castigo pior que a morte. Teria que transportar eternamente uma rocha até ao cimo de um monte e esta rolaria até ao início sempre que chegasse ao topo. Neste cenário, Sísifo teria que aceitar a sua condição e encontrar significado no ato de empurrar a rocha. Só assim, resignando-se, conseguiria encontrar a sua liberdade.

    O conceito de sermos livres se tivermos consciência e aceitarmos a situação absurda de realizarmos tarefas sem sentido que não levam a nenhum objetivo final, foi explorado por Albert Camus. Mesmo sabendo que o seu trabalho é inútil, Sísifo continua a empurrar a pedra. Nesse ato de persistência e aceitação, ele encontra a sua liberdade. É portanto, uma liberdade interna, encontrada na própria ação de enfrentar o absurdo da existência e criar significado na falta de sentido. Sísifo abraça a realidade da sua tarefa e reconhece sua inevitabilidade. Essa aceitação é um ato de liberdade, pois ele não luta contra o que não pode ser mudado, mas liberta-se do peso emocional da resistência e do desejo de uma realidade diferente.
    O autor descreve esta aceitação nas seguintes palavras: “O homem absurdo vislumbra assim um universo ardente e gelado, transparente e limitado, no qual nada é possível mas onde tudo é dado, e para além do qual só há afundamento e nada. Pode então decidir aceitar a vida num tal universo e daí retirar a sua força, a sua recusa de esperar e o testemunho obstinado de uma vida sem consolação…”
    O autor vai um pouco mais longe na sua crítica ao homem absurdo dizendo que “acreditar no absurdo equivale a substituir a quantidade pela qualidade da experiência. Se estou convencido de que esta vida não tem outra face senão a do absurdo, se sinto que todo o seu equilíbrio se deve à oposição perpétua entre a minha rebelião consciente e as trevas em que me debato, se admito que a minha liberdade não tem sentido senão em relação ao seu destino limitado, então devo dizer que o que conta não é viver o melhor possível, mas viver o mais possível.”

    Não sei se algum dia as mulheres vão voltar a cantar dentro das paredes daquela fábrica ou se vão encontrar a tal liberdade interna da resignação. Parece-me que a viagem rumo à verdadeira liberdade exige que se façam as malas e se parta rumo ao Olimpo para enfrentar os deuses que nos submetem a esta condição. É uma viagem de grupo e que não se coaduna com meias medidas. É preciso quebrar para depois se reconstruir.

    Fotografia e texto:

  • E porque hoje é sexta… The Pogues – Fairytale Of New York (Official Video)

    E porque hoje é sexta… The Pogues – Fairytale Of New York (Official Video)

    https://www.youtube.com/watch?v=j9jbdgZidu8&list=RDj9jbdgZidu8&index=2
  • Asas e Livros – Um ninho esquecido

    Asas e Livros – Um ninho esquecido

  • Será a matemática…

    Será a matemática…

    Se tudo é matemática,

    Será a matemática tudo?

    Haverá matemática nas curvas

    Da vida, nas retas

    Do nosso caminho?

    Haverá tangentes nas nossas escolhas?

    Serão intersecções as nossas relações?

    Serão os triângulos verdadeiramente equiláteros?

    Serão notáveis os limites, até dos perímetros?

    As fracções não serão sempre irredutíveis?

    Ou dependerão do prisma?

    Poderemos equacionar os dias

    Sem Ihes dividir as noites?

    Que raio, como poderemos

    Viver em semicírculos,

    tantas vezes à tangente,

    Tão à tangente,

    Sem nos subtrairmos?

  • A desunião faz a força

    A desunião faz a força

    No sentido de nos dar uma visão ambivalente do conceito de liberdade, o sociólogo polaco Zygmunt Bauman na sua obra “Modernidade Líquida” cita o alemão Lion Feuchtwanger que, na narrativa “Ulisses e os porcos”, nos descreve que os marinheiros aprisionados por Circe não terão ficado satisfeitos por terem sido libertados por Ulisses já que estariam confortáveis com a condição em que se encontravam. O autor alemão dá a entender que a liberdade traz consigo um conjunto de responsabilidades e de consequências que os companheiros de Ulisses não estariam dispostos a correr nas aventuras a que este os submetia. Bauman coloca-nos a dúvida se a liberdade é uma benção ou uma maldição.

    De uma forma ou de outra, fica claro para o polaco que a liberdade não pode ser conquistada de forma individual. Liberdade e submissão à sociedade são dois conceitos interligados já que as normas sociais nos capacitam de respostas que, na sua ausência, seriam substituídas pelo medo e incerteza.

    A sociedade líquida, sem estrutura ou linhas definidas onde impera a cultura do imediatismo e do prazer, traz como consequência o aumento do individualismo. A incapacidade de nos ligarmos a causas comuns pode levar a conflitos e a instabilidade. Esta desunião aumenta o poder de grupos políticos e económicos que aproveitam as diferentes visões e paixões dos indivíduos para manipular e causar fragmentação. Dividir para reinar é uma estratégia que funciona numa sociedade que não consegue traçar objetivos comuns claros.

    É imperativo educar as novas gerações para os perigos de uma sociedade em que o prazer e o conforto individual são colocados à frente dos objetivos do grupo. A mudança requerida é difícil e longa. Como disse Bauman numa das suas entrevistas “Na situação atual, gosto de me referir a um ditado chinês da época de Confúcio. Ele diz que se você planeia para um ano, semeie milho. Se planeia para dez anos, plante uma árvore. Se planeia para cem anos, eduque as pessoas”.

    Parece-me que, no momento atual, nem milho estamos a semear.

    Fotografia e texto:

  • E porque hoje é sexta… Enigma – Return To Innocence

    E porque hoje é sexta… Enigma – Return To Innocence

    https://www.youtube.com/watch?v=Rk_sAHh9s08

  • “Mulher”

    “Mulher”

    Mulher, gueixa
    vestida de sangue,
    despida de esperança,
    contempla a vida
    que escorre pelas grades
    do jardim egoísta,
    carcereiro da tua beleza!

    Mulher, flor sem perfume,
    roubado pela brisa
    que dança ao sabor
    do sol entardecido,
    Salta a grade
    vem viajar o olhar
    perfumado de luz
    com que iluminas o mundo.

    Mulher, ave livre,
    o teu voo emoldura o sonho feminino,
    essência da humanidade!”

  • O dote

    O dote

    A transmissão de conhecimentos entre gerações é uma parte fundamental do processo de evolução da humanidade. É por meio da transmissão de conhecimentos que as sociedades conseguem preservar a sua cultura, história e valores, além de avançar e progredir em diversas áreas do conhecimento.

    Existem várias formas de transmissão de conhecimentos, desde a educação formal nas escolas até à transmissão oral de histórias e tradições. Cada uma dessas formas é importante e tem um papel fundamental na transmissão de conhecimentos entre gerações.

    Uma das principais razões pelas quais a transmissão de conhecimentos entre gerações é tão importante é porque isso nos permite aprender com as experiências e sabedoria acumuladas pelos nossos antepassados. Através da transmissão de conhecimentos, podemos evitar repetir os mesmos erros do passado e beneficiar das lições aprendidas por aqueles que vieram antes de nós.

    Que conhecimentos queremos deixar às gerações futuras? Lemos da mesma cartilha dos nossos antepassados? Filtramos? Se sim, quais os conhecimentos que devemos deixar cair para benefício dos nossos filhos?

    Os valores que queremos deixar às gerações seguintes é uma questão importante e relevante para a construção de uma sociedade mais justa. A empatia, a solidariedade, a igualdade, a justiça, a liberdade, o respeito e a responsabilidade são alguns valores a ser valorizados nessa passagem de testemunho.

    Infelizmente, existem erros que têm sido perpetuados de geração em geração em muitas sociedades e culturas ao longo do tempo. Temos dotado os mais novos de preconceitos, discriminação, desigualdade, violência, abuso de poder, entre outros.

    Os mais velhos desempenham um papel importante como transmissores de conhecimento. No entanto, devem utilizar a sua experiência e sabedoria para ajudar a orientar as gerações mais jovens não só a preservar a cultura e a história da sociedade mas também a evoluir relativamente aos valores que orientaram as gerações passadas. A educação, que potencia o espírito crítico e a autonomia, permite-nos deixar um dote mais rico do que aquele que recebemos.

    Fotografia e texto:

  • O Papel da Mulher na Classe Docente

    Neste mês que se assinala o Dia Internacional da Mulher, vamos refletir sobre a mulher na classe docente.

    A mulher tem um papel importante na classe docente, contribuindo significativamente para a educação das futuras gerações.

    As mulheres podem ser líderes e bem sucedidas a nível profissional, inspirando as(os) alunas(os) que as rodeia e até ajudar a perseguirem os seus próprios sonhos e ambições.

    As professoras trazem inovação e criatividade à escola, assim como desempenham um papel importante na promoção da igualdade de gênero.

    Assim torna-se importante falar-se da sua saúde mental e do bem-estar. Dois conceitos fundamentais para as professoras, uma vez que podem influenciar diretamente sua capacidade de ensinar e de criar um ambiente positivo na aprendizagem.

    Se por um lado, a saúde mental permite que as professoras mantenham a concentração, a criatividade e energia necessárias para planificar e conduzir as aulas, por outro uma boa saúde mental levará a uma construção de relações saudáveis quer com alunos quer com colegas e com a comunidade educativa no geral, dando-se um ambiente escolar mais positivo e harmonioso.

    É imperativo combater o stress e a pressão para que não ocorra um esgotamento físico e emocional. Assim, é importante o autocuidado, a gestão do stress, a gestão das emoções. As mulheres professoras devem ter o seu tempo lazer que lhes proporcione relaxamento necessário para enfrentarem os desafios do dia a dia. Então, cuidar da saúde mental e do bem-estar não é apenas uma questão de autocuidado, mas também um investimento na qualidade da educação e no futuro dos alunos.

    Por tudo isto, o papel da mulher na classe docente é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa. As professoras não apenas transmitem conhecimento, mas também moldam valores, atitudes e comportamentos que terão um impacto duradouro nas futuras gerações.

  • E porque hoje é sexta… Eurythmics “Here Comes The Rain Again” live 46664 THE EVENT

    E porque hoje é sexta… Eurythmics “Here Comes The Rain Again” live 46664 THE EVENT

    Em véspera do Dia Internacional da Mulher deixo a sugestão de uma das maiores vozes femininas dos nossos tempos.

    https://www.youtube.com/watch?v=ko8Ec7ojahU&list=RDGMEMQ1dJ7wXfLlqCjwV0xfSNbA&index=17
  • Dunas

    Pela objetiva da minha velha companheira observo um equilíbrio frágil entre areia, água, vento e vegetação. A natureza, como sempre, lá encontrou uma forma de resolver os seus problemas e de seguir em frente. Por vezes, como vemos na imagem, a barreira natural pode ser extremamente frágil e ser incapaz de travar a erosão deixando as dunas vulneráveis e à mercê de ventos e marés.

    Perante esta imagem, lembro-me da Rafaela, professora de português e colega de trabalho, que apenas há uns dias atrás, me contou uma história que relata bem as fragilidades da condição humana e que me faz olhar para estes pequenos fragmentos de vegetação e assemelhá-los aos intervenientes do seu relato.

    Dizia ela que, num destes últimos anos, durante uma aula, um aluno de nono ano teve um repentino ataque de asma. Para seu grande espanto, os seus colegas de turma, alguns deles que o acompanhavam desde o primeiro dia do pré-escolar, não se levantaram para o ajudar. Observavam simplesmente, num misto de curiosidade e indiferença. Nem quando a Rafaela lhes pediu para irem chamar ajuda, as pobres criaturas se mexeram do lugar.

    Vejo a educação ao nível dos valores e da cidadania como as frágeis raízes desta duna já que, ambas impedem o desmoronar de um habitat. Não podemos continuar a avançar como comunidade quando o lema é: cada um por si. A preocupação e o cuidado com o outro está cada vez mais distante das interações diárias. Numa época de globalização, de transportes e de mass media, quando temos tudo e todos na palma da mão, vivemos sós e isolados. Não temos disponibilidade emocional porque estamos a conectar de forma virtual. Compensamos a falta de empatia com uma centena de likes. Falta envolvimento.

    Como combater esta erosão eminente? Talvez percebendo que é necessário dar um passo atrás em algumas práticas tecnológicas e voltar a investir uma boa parte do nosso tempo numa aproximação mais consciente pelo outro. A união e a solidariedade não se constroem de olhos postos nos ecrãs. Talvez eliminar a possibilidade de vivermos de forma virtual em espaço escolar seja o primeiro passo, talvez investir numa formação para a cidadania de forma mais consciente, tendo em conta estas realidades, seja outro desses passos.

    Deixo, por fim, um pequeno texto, bastante divulgado e que já inspirou grandes obras de grandes autores. Se quisermos manter a barreira natural que nos impede de desmoronar, não pode ser de outra forma:

    “Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do género humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”. – John Donne

  • Asas e Livros – Quando as meninas voam alto

    Asas e Livros – Quando as meninas voam alto

  • Rugas

    Rugas

    Nem o teu abraço

    Me alisou as rugas

    Que o teu silêncio

    Lavrou em mim…

    Ah, como sonho

    Plantar em ti o desejo

    De adormeceres

    O teu sono no meu..

  • E porque hoje é sexta… MEUTE – You & Me (Flume Remix)

    E porque hoje é sexta… MEUTE – You & Me (Flume Remix) e LoCKeDoWN2

    https://www.youtube.com/watch?v=fKFbnhcNnjE
    https://www.youtube.com/watch?v=dlFrI8_Orys
  • Nunca é tarde demais

    Nunca é tarde demais

    Não é tarde demais

    Quando o meu céu

    Nasce do teu chão

    Extasiado de azul

    Não é tarde demais

    Quando o teu olhar

    Incendeia o meu colo

    Deserto de amor

    Não é tarde demais

    Quando o teu abraço

    Refresca a minha pele

    Inflamada de silêncio

    Não é tarde demais

    Quando te reencontras

    No meu templo

    Alheado de futuro

    Nunca é tarde demais.