Um país ao espelho: o exame de português hoje – artigo opinião – DN – António Carlos Cortez

Um país ao espelho: o exame de português hoje – artigo opinião – DN – António Carlos Cortez

Quem leia e releia o Exame Nacional de Português (1.ª fase) chegará a algumas conclusões que, em tempo de radicalização do discurso político e de superficialidade no modo como nos aproximamos dos debates sobre os mais diversos temas, não deixarão de legitimar precisamente – do outro lado da barricada – respostas enviesadas, ou mesmo venenosas, ou, quando não, o esgar irónico, ou a propositada incompreensão (uma forma de bloquear toda a argumentação e o debate a fazer-se). A um primeiro olhar este exame parecerá estar de acordo com algo que muito agrada aos que o conceberam: Camões e Pessoa – Os Lusíadas (1572) e Mensagem (1935) – são os eixos desta prova, sendo que a Parte C, dedicada à questão do Herói, até solicitava do estudante uma capacidade de redacção (sem delimitar número de palavras – o que é bom) a partir da comparação entre o texto da parte B (o poema “D. Fernando, Infante de Portugal”) e as oitavas 51-53 do Canto IV de Os Lusíadas. E é neste particular que teremos de pôr a questão: estarão os estudantes de hoje, em 2025, depois de uma escolaridade feita verdadeiramente sem leituras de qualquer livro, quantas vezes com aulas que decorrem na mais absoluta das distracções ou na mais nefanda das anarquias – estarão os nossos alunos preparados para este tipo de trabalho de comparatismo (ainda que simples)?

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