10% dos professores dizem já ter sido agredidos, mais por alunos mas também por pais e direções escolares – DN – David Pereira

10% dos professores dizem já ter sido agredidos, mais por alunos mas também por pais e direções escolares – DN

O estudo revela que 59% dos professores já se sentiram vítimas de bullying, mas apenas 18% dos casos foram reportados à Escola Segura. 15% dos docentes já estiveram mesmo de baixa médica devido ao bullying.

10 por cento dos professores já sofreram agressões físicas, revelam as primeiras conclusões do relatório da Missão Escola Pública relativo ao Bullying a professores com base nos dados recolhidos no inquérito nacional durante o período de 13 a 26 de janeiro deste ano.

87% das agressões provêm de alunos, mas também se registam agressões por pais (8%) e direções escolares (2%).

O estudo revela que 59% dos professores já se sentiram vítimas de bullying, “o que demonstra a grande extensão do problema”, mas apenas 18% dos casos foram reportados à Escola Segura, “evidenciando a falta de suporte institucional e a falta de confiança no sistema de apoio”. 15% dos professores já estiveram mesmo de baixa médica devido ao bullying, “o que indica um impacto profundo na saúde mental e física dos docentes”.

43% dos docentes inquiridos revelaram já ter sofrido coação, sendo que 59% dos casos foram atribuídos às direções escolares, “destacando a violência institucional como uma questão crítica”.

O estudo indica também que 45% dos professores já se sentiram ameaçados e que 57% dessas ameaças foram dirigidas por alunos.

11% dos professores revelaram que já estiveram de baixa médica este ano letivo “devido ao desgaste, com indisciplina dos alunos, burocracia, sobretrabalho e autocracia das direções escolares como principais causas” e 10% indicaram que foram pressionados a aceitar horas extra, “o que indica uma sobrecarga de trabalho que agrava ainda mais o desgaste emocional dos docentes”.

A maior incidência de bullying foi reportada no distrito de Lisboa (26,29%), seguida por Porto (18,11%) e Setúbal (15,36%).

As professoras são as mais afetadas pelo bullying, uma vez que 62% das mulheres relataram agressões verbais ou ameaças, em comparação com 57% dos homens. O bullying é mais prevalente nos docentes entre 51 e 60, faixa etária em que 45% dos docentes relatam ser vítimas, assim como entre os professores de Matemática (63%) e Português (60,2%), “possivelmente devido à pressão associada às altas taxas de reprovação nessas disciplinas”.

O Ensino Básico – 1º Ciclo, no qual mais de 50% dos docentes afirmam ter sido vítimas de bullying, “é particularmente preocupante dada a importância dessa fase na educação”.

A análise dos dados deste inquérito teve a colaboração de João Marôco, Professor Catedrático de Estatística e Métodos de Investigação.

A Missão Escola Pública já pediu uma audiência ao senhor Ministro da Educação, Ciência e Inovação, “no sentido de ser divulgada a totalidade do relatório, de modo a contribuir para o estabelecimento de políticas que promovam um ambiente escolar seguro para todos os seus elementos e que possam vir a constituir-se como medidas geradoras de atratividade da carreira docente”.


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